Da revista on-line Ciência Hoje retiramos, com a devida vénia, o seguinte artigo, com o qual concordamos em absoluto...
Anti-Ciência
Opinião
2007-01-12
Por Carlos Corrêa (Prof. Cat. Jubilado da Universidade do Porto)
Opinião
2007-01-12
Por Carlos Corrêa (Prof. Cat. Jubilado da Universidade do Porto)
Ultimamente têm sido feitos alguns esforços no sentido de educar os jovens para a cidadania, aumentando a sua cultura científica para serem capazes de compreender o mundo que os rodeia e criticarem conscientemente os eventuais desmandos contra o meio ambiente, de que todos temos um pouco de culpa. Apesar destes esforços, de que saliento a actuação do programa Ciência Viva, muitas pessoas com responsabilidades fecham os olhos a certas manifestações anti-Ciência que vão minando a inteligência e a cultura das pessoas menos preparadas, que infelizmente constituem a maioria dos telespectadores.
Os média têm grandes responsabilidades na proliferação da superstição e crendice, dando grande cobertura a reuniões de bruxos, astrólogos, professores, videntes e muitos outros figurões que se servem da liberdade em que vivemos para encher de anúncios as páginas de certos jornais, para poluir certos programas televisivos (já de si poluentes…) fazendo publicidade enganosa das suas anunciadas capacidades de previsão e cura de todos males, do corpo e do espírito.
Mais grave ainda é que a RTP, que deveria prestar um serviço verdadeiramente público aos cidadãos, colabore também na difusão da bruxaria, tendo igualmente a sua astróloga de serviço permanente no programa Praça da Alegria, munindo-se de um computador para tentar dar um ar científico às suas "previsões", contribuindo assim para a estupidificação dos cidadãos. A falta de cultura científica e ignorância primária das pessoas (habituadas a carregar num botão da TV para terem o mundo inteiro à sua frente) leva-as a pensar que é possível, por meio de um qualquer programa metido num computador, fazer previsões sobre a sua vida, a sua saúde e os seus negócios.
A RTP colabora nesta farsa todos os dias, levando a bruxaria às pessoas que seguem o programa, dando-lhe a mesma credibilidade que dão a médicos e cientistas que por lá passam. Já protestei junto dos responsáveis do programa, mas nem se dignaram acusar a recepção da minha carta. Agora, que se instituiu um Provedor do Telespectador, cheio de boas intenções, já lhe comuniquei o escândalo e pedi que estas anomalias fossem rapidamente eliminadas, para bem dos cidadãos. Não poderemos nós, cientistas, fazer algo mais?
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