Também eu me distrai com a história das grelhas de avaliação e todo aquele rendilhado para preencher, quando afinal nada daquilo interessa caso tenhamos um acidente ou um percalço imprevisto e formos obrigados a faltar a um bloco ou dois de aulas e não o pudermos repor ou permutar.
Como se determina no número 7 do artigo 22º do decreto que está em “negociação” quem não der 100% das suas aulas nos diversos anos escolares em que for avaliado não poderá ter Excelente. O que significa que se eu apanhar qualquer doença nunca poderei ser excelente se faltar a um dia de aulas e não o conseguir substituir em todas as turmas. Ou quem fique encravado no trânsito. E já nem falo nas situações de gravidez.
Nem sei para que está lá no n.º 6 a previsão de quotas para as classificações. Com este regime é impossível a quem tenha uma vida normal, com percalços, familiares doentes que é preciso acompanhar, crianças sempre susceptíveis de adoecerem ou criarem situações de emergência, compromissos inadiáveis, chegar ao Excelente, a menos que mendigue permutas ou ande a dar aulas extra. Porque as substituições não chegam, mesmo que seja com planos de aula.
Não é que pretenda obter tal classificação, porque espero faltar mesmo só porque sim, por puro e simples mau feitio, mas já fui obrigado a recusar ir à cerimónia de entrega dos diplomas e medalhas de doutoramento na Universidade de Lisboa, assim como deixei de poder comparecer às reuniões de uma unidade de investigação a que pertenço na FCSH da Universidade Nova, pois sou um dos que têm o ME como tutela.
As minhas situações ainda são males menores, mas há outras (casos de doenças ou acidentes com alguma duração que impedem um sistema de permutas, em especial se acontecerem perto do final do ano lectivo) para as quais são incompreensíveis tais consequências, sendo absolutamente vergonhoso, indigno e mesmo asqueroso que isto seja implementado por gente que no passado teve um desempenho pessoal duvidoso exactamente na área da assiduidade. Tenha ou não a coisa sido lavada com legislação ou pareceres mais ou menos à medida.
Sendo que depois são esses que mandam para a comunicação social as bocas off the record sobre a falta de assiduidade dos professores ou que o que eles querem é faltar.
Recordemos o currículo de um certo SE lá pelas suas terras de origem ou mesmo as faltas da Ministra a reuniões em Bruxelas, logo em 2005, quando a imprensa se distraiu e noticiou tais ausências (tenho esse Expresso ainda guardado).
HAJA VERGONHA!
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